Sustentabilidade Familiar: a verdadeira Copa do Mundo?

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Nesses dias de Copa do Mundo de futebol no Catar, salta aos olhos o que disse uma vez Arrigo Sacch, ex jogador e treinador italiano: “O futebol é a coisa mais importante dentre as coisas menos importantes“. Sendo assim, aqueles amigos e suas famílias que costumam se reunir para curtir momentos e conversar, estão agora juntos todos os dias em que o Brasil joga (ou que joga o seu país de preferência se você, infelizmente, não torce para o Brasil). Afinal, em dia de jogo do Brasil, o país para para ver e torcer muito pela seleção, é um momento ansiosamente esperado por 4 anos!

Em dias de jogo, muitos de nossos amigos viram técnicos de futebol. Antes do jogo começar, a conversa gira ao redor de táticas e de jogadores que cada um imagina devem ser usados para vencer a partida. Todos tem sua opinião sobre como os jogadores devem atuar, e quase todos arriscam seu palpite sobre o escore final. Depois que o jogo acaba, dependendo do resultado, nos sentiremos no céu, no purgatório ou no inferno, ainda mais se for a partida que decide o título. Felizmente, a não ser que você tenha apostado um bom dinheiro naquele jogo, ou seja da família ou do staff de algum jogador que participou da partida, pouco ou nada vai mudar na sua vida ou na de sua família, é “vida que segue”.

Futebol é vida

Futebol é paixão e como toda paixão, desperta todo tipo de fortes emoções. Basta ver o comportamento das torcidas em dias de jogos, ou o interesse gerado quando um jogador querido tem alguma contusão e não vai poder jogar, ou quem sabe, os momentos de uma decisão por penaltis! Acho que as maiores são duas: primeiro a que temos quando nosso time (o nosso “país de chuteiras” no caso da Copa) vence e é campeão, e segundo, a que temos quando nosso time perde…

Futebol também é planejamento. Todas as equipes profissionais tem seu corpo técnico que estuda todos os detalhes do próximo jogo, analisa aquilo que está relacionado com os adversários, às condições médicas, psicológicas e técnicas do seu elenco e o que mais achar relevante, e os usa para definir quem vai jogar e como. Daí coloca tudo junto e parte para os treinamentos.

Futebol também é estrutura de apoio e patrocínio. O time precisa de condições para poder render o seu melhor e para isso, a infraestrutura física, adequada e bem mantida, deve estar disponível para os jogadores e comissão técnica. Como tudo na vida, se além de torcedores não houver quem acredite e patrocine o trabalho da equipe, ela não vence nenhuma partida, quanto mais uma Copa do Mundo.

Mas futebol se ganha no campo. E aí, na hora da verdade, são os jogadores que fazem a diferença, são eles que treinam, executam o planejamento e se tudo der certo, marcam os gols e vencem o jogo. Durante “os 90 minutos”, tem mais chances de vencer quem tem mais técnica, mas muitas vezes vence mesmo quem tem mais vontade e coloca “o coração na ponta da chuteira”, que se entrega, que joga mesmo quando está cansado e com muitas dores pelo corpo inteiro, que enfrentou o time adversário e não tremeu. Apesar de alguns se destacarem mais, por qualquer motivo, é a equipe inteira que vence ou que perde.

Falando no Brasil, somos o país que mais venceu Copas do Mundo. Isso é um feito tremendo, considerando-se as dificuldades e a qualidade dos adversários. Sustentar essa liderança exige acreditar, ter persistência e amor pelo esporte para poder criar sucessivas gerações de jogadores de sucesso.

A Vida é um campeonato de futebol

O jogo acabou e o Brasil continua vivo na Copa. Todos os amigos e amigas festejam, respiram aliviados, estão felizes e rindo à toa. A cerveja gelada acabou mas ninguém reclama muito. Parece até que a vida deu uma trégua e naquele momento tudo está bem. Gostaria muito que as vitórias na Copa nos ensinassem um pouco a como termos vitórias na vida, principalmente na vida da equipe que mais nos interessa: a nossa família.

O campo é a nossa nossa vida e nele jogamos uma série de partidas e temos que vencer muitas para sermos campeões. Tudo que dá certo ou que dá errado no futebol está presente na vida, se repararmos bem. Já viu alguma família de sucesso não ter planejamento, não saber o que quer e se preparar para conseguir?

Da mesma maneira, qual família pode vencer sem ter a estrutura adequada e os recursos necessários para poder, pelo menos, disputar o campeonato? Ela tem que saber manter o que tem e buscar o que precisa no futuro. A questão mais difícil aqui é conseguir patrocinadores. Tal qual no futebol, eles aparecem quando o time se destaca.

Sempre digo que o fator emocional é fundamental e tal como no futebol, pode ganhar partidas. Acredito muito que as emoções que existem nas famílias podem ser trabalhadas para serem fatores decisivos para seu sucesso. E para completar, o jogo da vida não é um jogo que se vence sozinho, deve ser ganho por toda a equipe. Cada membro da família tem sua função, mas a troca de posições em campo faz parte da vida moderna.

Vencer uma Copa do Mundo significa levantar uma taça importante e faz com que o time, e todo o País, se sintam bem e encorajados a continuar e a tentar ganhar as próximas. Todo o esforço valeu a pena, as dores foram esquecidas. Queremos que as famílias “vençam na vida”, mas a disputa da família é bem mais difícil e ganhar aqui pode significar desde a mais básica taça, a da sobrevivência, até a mais elevada, a da boa qualidade de vida. Como amamos a família mais do que o futebol, mais razões temos ainda para querer que as suas vitórias também sejam sustentáveis.

Com a sustentabilidade das vitórias vem os patrocínios, afinal que empresas não vão querer estar juntas no momento em que as taças forem erguidas? No jogo que vale de verdade, a “sustentabilidade de nossa família é a coisa mais importante dentre as coisas mais importantes“!

O Autor

Marcelo Kós Silveira Campos

É um profissional com mais de 30 anos de experiência em temas ligados à sustentabilidade, dos quais mais de 20 trabalhando com a indústria química. Atuou no desenvolvimento de normas, sistemas e iniciativas para a gestão de saúde, segurança, meio ambiente, responsabilidade social e comunicação em empresas e organizações brasileiras e internacionais.

É engenheiro químico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestrando em Desenvolvimento Sustentável na Universidade de Utrecht, na Holanda.

É o CEO da FASUS.

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